sexta-feira, 12 de abril de 2013

A Farsa da páscoa

ou O Auto da Cruxificação
por Gil Vicente (texto apócrifo)

Naqueles dias - começava a correr o ano de 2013 - vários escribas levaram à presença dos sumo sacerdotes da constitucionalidade a Lei do Orçamento e vieram depois para uma sala repleta de lavatórios e toalhas brancas onde já se encontravam os membros do governo desta Galileia a aguardar a "páscoa", a imolação da carneirada e prontos a lavarem [daí] as falangetas.

Através da dita Lei do Orçamento, perguntavam os escribas aos sumos sacerdotes:

- Quereis que se apliquem os artºs 27, 29 e 31 e se reduzam os salários da função pública superiores a 1.100 e 1.500 euros/mês (poupando aos futuros empréstimos [!!!] cerca de 1.5 mil milhões de euros), ou quereis que se cruxifiquem os mais pobres, públicos ou privados e se reduzam TODOS OS SALÁRIOS, mesmo aqueles que estão uns míseros 20 euros acima do salário mínimo, através da sobretaxa de IRS de 3,5%, além de outras medidas avulsas a anunciar que atinjam igualmente pobres e ricos, que o mesmo será dizer, sobretudo os pobres?...
E na sexta-feira da paixão, depois de comungarem uns e outros o pão gourmet e o vinho turiga nacional, juntaram-se os sumo sacerdotes no altar circunspecto e paramentados a rigor anunciaram a farisaica decisão:

- Solte-se Barrabás!...

(continua)

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