sábado, 2 de maio de 2015

Responsáveis "não praticantes"

A intolerável recorrência dos lamentáveis acidentes que vitimam peregrinos e caminheiros

Crenças e credos confessionais à parte, é de cidadania e de cidadãos que se trata, e da sua segurança; ou da falta dela. Trata-se ainda e desde a raiz de Direitos Humanos.
 
Somos confrontados anual, repetida e quase sistematicamente com a notícia de graves atropelamentos de peregrinos e quase invariavelmente com múltiplas vítimas mortais. Hoje é notícia o infeliz acidente de Cernache e ao mesmo tempo recorda-se que só em Cernache já será a segunda ocorrência.
 
Mau grado a alegada laicidade do Estado, somo sum país social e culturalmente religioso ecuja matriz administrativa é tributária da administração e do cartório católicos. Aliás, mais que tributária, é decalcada daquela. Todas as freguesias em que se divide o país correspondem a paróquias que por o serem levam o nome de um santo ou de uma santa e quando não, o do "Divino Salvador".
 
Cada paróquia (ou pequeno grupo de paróquias) tem um pároco; cada freguesia (ou pequeno grupo de freguesias) tem um presidente da junta. Cada grande grupo de paróquias integra uma diocese com as suas hierarquias de poder e autonomia financeira; o mesmo acontece com "grandes grupos" de freguesias que integram um município, com hierarquias e orçamento autónomos.
 
Este blogger não precisa de ser crente - nem o será, eventualmente - para ficar chocado, amargurado e indignado com o que já se vai tornando uma constante sazonal idêntica à dos "incêndios do verão", a morte por acidente de peregrinos que circulam na margem das estradas.
 
Não se tolera que ao cabo de quase um século de peregrinações a Fátima, por exemplo, e depois do tantos registos de sinistralidade, párocos e presidentes de junta, envolvendo os responsáveis diocesanos e municipais, não se tenham coordenado para chamar a si, paróquia a paróquia, freguesia a freguesia, a construção de um trilho pedonal que acompanhando a rede viária, esteja desta separado o bastante para garantir segurança a quem por eles transita: sejam os crentes e peregrinos, sejam os caminhantes ou caminheiros laicos, isto é, um trilho pedonal seguro que serviria tanto as peregrinações e caminhadas locais como as longas ou distantes.
 
A cada paróquia/freguesia caberia a "construção" de 2 a 4 Km desse percurso e sabendo de antemão que a "mão de obra" seria recrutada em regime de voluntariado, não será difícil orçamentar o custo, em materiais, de cada quilómetro desse percurso pedonal a construir.
 
- Senhor pároco, Senhor Arcebispo, Senhores Presidentes de Câmara e Junta de Freguesia, não valerá uma só vida humana, seja esta do Vosso município ou diocese ou seja da vizinha, não valerá essa vida humana, insisto, ou tais 2 a 4 quilómetros de percurso pedonal seguro?...
 
Somos o país dos "católicos não praticantes", mas também dos "autarcas não praticantes", dos "clérigos não praticantes" dos "políticos não praticantes".
Mas o que nós somos, de facto, é o pais da "cidadania não praticante".
E que os nossos plurais (ir)responsáveis, são, em suma, é um bando de safados e hipócritas e até nessa qualidade... "não praticantes".


por "politicamente incorrecto"

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