quarta-feira, 27 de março de 2013

O Cavaco em cavacos

Afinal, em quantos Cavacos se (de)compõe - ou quantas caras tem - Cavaco?

Disse hoje Cavaco Silva, com aquele ar afectado de peça do museu de cera que costuma vestir para dizer banalidades, que as intrigas e as jogadas políticopartidárias não acrescentam um cêntimo à produção nacional e não criam um único emprego.
É verdade, assim falou Cavaco, o político cujos últimos 30 dos 40 anos em que nos vem brindando as ventas na cena política foram marcados pela intriga constante, desde os recorrentes Tabus de Cavaco, as inúmeras jogadas (deixem-nos trabalhar, etc.) contra a presidência de Mário Soares, além das graves intrigas urdidas na sua esfera a partir das forjadas Escutas a Belém e à Casa Civil. Cavaco, o PR em funções que esperou que Sócrates já não fosse primeiro ministro, isto é, que fosse um ex e estivesse longe, para o envolver numa acusação de deslealdade da qual este já se não podia defender. Cavaco, que até em torno dos espúrios negócios financeiro e imobiliário que fez com o seu amigo e antigo secretário-de-estado tentou gerar intrigas, além de se afirmar mais sério que qualquer outro português. Cavaco, o vingativo intriguista que atirou sobejas caneladas ao governo de Santana Lopes...
Cavaco, enfim, que chegou ao famigerado congresso da Figueira da Foz tripulando um BX em rodagem mas também uma teia de intrigas urdida contra Pinto Balsemão (Mota Pinto secumbira meses antes triturado pela mesma máquina da intriga) para lograr um desiderato de derrube - ascenção que aconteceria nesse mesmo fim-de-semana.
Cavaco, o sacralizado mestre da intriga e do tabu, vem dizer agora e ao cabo de mais de três décadas desse exercício,  que as intrigas não acrescentam. Porque sabe, sem dúvida, do que fala.
O Cínico

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