sábado, 16 de julho de 2011

Ainda as "Oligarquias electivas"

Pedindo simpaticamente ao autor - e ao blog respectivo - que no-lo consinta, recortamos e linkamos uma opinião política - a cujo conteúdo e teor nos associamos - daquelas que julgamos podem fazer a diferença:

por Eduardo Velhinho,
(ver artigo completo em
"Tendências oligárquicas. Uma oligarquia no contexto de um partido ou organização política define-se pelo poder fundado na competência de uma minoria de indivíduos. O processo de formação da oligarquia começa quando se estabelece a diferenciação das funções no seio do partido e se estabiliza quando um grupo de indivíduos, pelas suas qualidades, nomeadamente discursivas e/ou técnicas, se destaca da massa. Esse grupo que se constitui em liderança torna-se estável e quase inamovível. A especialização técnica da direcção faz de modo que as decisões são transferidas das massas para as mãos dos líderes. E à medida que a organização cresce em número de membros, a capacidade da base em controlar a direcção, que entretanto se autonomiza, torna-se cada vez mais problemática(...)"
Assim como nos associamos a este outro post:

"Democracia não é partidocracia e democracia sem povo, ou contra o povo, é mera usurpação"
(Blog tempo que passa, 2009.01.01)                                                 

Mas como nós estamos de acordo!!!

Este é o modelo político-partidário a partir da “consolidação da democracia” que, espelhado de dentro para fora (e inspirado de fora para dentro, claro) acabaria por se replicar na própria governação e administração, central ou local. Ou seja – e mais uma vez - nós não temos um sistema político democrático, nós temos um sistema de Oligarquias Electivas.
Ver, p.f.
“O Clube dos Gerentes Profissionais”
ou
O Patrão”

O que ele próprio (sistema político-partidário) não desconhece, pelo contrário, promove: não foram os media que criaram as designações classe política ou elites políticas, apenas as retransmitem. Mas onde há elites, não há igualdade e onde não há igualdade não há nem cidadania nem democracia plenas. E este será o erro ou o pecado original da nossa “democracia constitucional” e deveria ser a nossa preocupação para a mais necessária, premente e urgente alteração da constituição da república, simples, de resto, exequível através de um instrumento rápido e eficaz, a função “localizar-substituir” do processador de texto: NA CRP, localizar a palavra “povo”, substituir por “cidadão(s)/cidadania”, substituir todos.
Está à vista de todos não houve nem haverá evolução semântica que possa assegurar que a palavra que serviu para durante milénios designar a mais baixa e ostracizada classe social possa servir na pós-modernidade para designar a cidadania plena e igual a democracia. Enquanto se não banir essa designação do Velho Regime, o Povo, sofrer-se-á a consequente “redução” da cidadania, através de fórmulas correntes como o cidadão comum. Não há cidadãos comuns e incomuns porque a cidadania é plena e igual.

Este deveria ser um dos breakpoints [1] ideológicos de uma esquerda que queira iniciar a história da cidadania e da civilização do século XXI, romper com o paradigma democrático ateniense, por um lado, e por outro com estas neo-oligarquias electivas em que Povo é aquele que (apenas) vota, e elites políticas são os elegíveis: os oligarcas. Povo é uma expressão cheia de significado e de valor na antropologia ou no folklore lato sensu, mas é histórica e politicamente é sinónimo de ancila da “classe política”, e dizemos ancila porque num texto escrito seria deselegante dizer “a puta”.

[1] – se não se puder usar aqui ou ali um anglicismo reconhecidamente consensual, muito menos se deveria poder usar latinismos quando o latim desapareceu das escolas há quase 40 anos…


Procidade

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