quinta-feira, 29 de junho de 2017

A Agência Europeia do Medicamento e o Boca-de-Sapo

Conhecendo a anedota há praticamente meio século, nunca como agora se me deparou uma situação - e ainda por cima pública, nacional - que tanto correspondesse ao "retrato pintado" na anedota. Ou seja, nunca - ou só raramente - se me terá deparado situação tão anedótica: 
 
    Há meio século atrás não existiam - nem se previa que viessem a existir - jogos/apostas como o TOTOLOTO ou o EUROMILHÕES. Há meio século atrás existia, a par da Lotaria Nacional e sob a designação de "apostas mútuas desportivas", o TOTOBOLA, gerido ou explorado pela mesma SCM de Lisboa de hoje e constituía o jogo em fazer uma prognose de 13 resultados de outros tantos jogos do futebol nacional. Quem acertasse nos 13 resultados tinha o primeiro prémio - o famoso "13 no totobola", quem acertasse em 12, o segundo e assim até ao 3º, 4º ou 5º prémio (já me não recordo da lista de prémios). Tal como agora com os TOTOLOTO E MILHÕES, o Totobola era glosado na forma de anseios, desejos, anedotas, etc., contando-se ao tempo esta anedota:
 
- Um sujeito de vida modesta está, após o jantar e na mesa de jantar, a preencher o boletim do Totobola: Salgueiros - União de Tomar, um empate, um X; Torriense - CUF... ganha o primeiro, um 1... A meio do preenchimento assalta-o o sonho e diz, de olhos no teto, que se fizer um 13 no totobola, a primeira coisa que faço é comprar um "boca-de-sapo" (o legendário Citroen DS lançado na década de 50 do séc. passado). Os filhos, crianças, que ouviram, começam a disputar quem vai no assento da frente ao lado do pai; quem vai no banco da frente sou eu que sei mais de carros, não, quem vai sou eu que sou o mais velho, nisto estavam engalfinhados, intervém a mãe que diz  não tarda levam uma estalada e quem vai à frente sou eu que sou a mãe e a dada altura o pai, zangado, dá um berro: Bolas, assim é impossível um tipo concentrar-se, ponham-se todos fora do 'boca-de-sapo' já!...

A polémica desta semana à volta do local de instalação da Agência Europeia do Medicamento trouxe à praça os rivais do costume que trocam com o executivo acusações de centralismo versus regionalismo e descentralização, o Rui Moreira do Porto - incontido defensor da reconstituição do Condado Portucalense - reclama que deveria - que tinha que! - ser no Porto, juntando-se-lhe outro Rui, o Rio, o que leva uns anos numa soberba mal disfarçada a que só faltaria apor a legenda "eu é que era e deveria ser o líder da oposição"; mais a Norte, um Rangel - a quem tudo serve de pretexto para ranger - e um José Manuel Fernandes defendem em conferência Ad-Hoc que devia ser em Braga; uma ou outra voz mais sumida já referiu Coimbra - curioso que ainda assim nenhum/ninguém passe do Tejo para baixo ou tenha referido Faro, por exemplo, que até tem um aeroporto Internacional, como Lisboa e Porto - e no meio de tanto ruído, ilude-se que, afinal, Portugal ainda está a preparar a Candidatura; ainda está a preencher o boletim, depois tem que o ir registar e depois aguardar pelo resultado...
 
... e por isso, agora é a minha vez de dar um berro: Bolas, assim é impossível um tipo concentrar-se; Sr. Rui Moreira da Câmara, Senhor Ex, Rui Rio, Srs. €uro e deputados Rangel e José Manuel Coel... perdão, Fernandes, rua! ponham-se fora da minha agência europeia do medicamento, já!...
 
PS (e para fim de conversa ou declaração de interesses): este bloger escreve desde Braga

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